as sombras fatigadas
dos velhos que sentem a idade
sem tempo
seus olhos despertam da obscuridade
e assim permanecem, sem esperança
escondendo-se nas saias da mãe
como em criança
são sombras impacientes
ofegantes, de gentes
que trazem no rosto o ardor da terra
sonhos vãos
e nas mãos, pouco ou nada
uma sede e um pranto
uma lamúria disfarçada
é pouco o que os nutre
de sempre ao agora
há sempre um abutre
chegado na hora...
palavras no esquecimento
e no pensamento a revolta
no coração as sombras nele engastadas
os passos cansados e na memória
dúvidas incendiadas...
flutuam como erva de verão
a felicidade adormecida na solidão.
natalia nuno